domingo, 26 de dezembro de 2010

O Governo LULA!!!

Adeus, Senhor Presidente

* Ecio Rodrigues

Na história recente deste país, jamais um presidente da república - após oito anos de mandato - deixa a Administração Pública com a popularidade e, o mais importante, o reconhecimento popular que o Presidente Lula obteve. Tomando-se emprestada a expressão cunhada pelo estudioso Carlos Matus, que dá título ao artigo, o adeus ao Lula não é melancólico: não observa a triste despedida dirigida aos governantes que saem do Poder pela porta dos fundos, amargos e mal-quistos.

No caso do Presidente Lula, é bem provável – uma vez que se alcance o necessário distanciamento histórico – que ele venha a ser considerado o Grande Estadista da política brasileira contemporânea, em especial no período posterior ao Estado Novo.

Poucos acreditavam, ainda em 2003, no início do governo, que Lula conseguiria chegar ao topo da política nacional e internacional. Pressionado, veementemente, de um lado, pela habitual ansiedade popular por mudanças e, de outro, pelo desgosto da classe média ante a condição operária do Presidente, o governo foi alvejado sem dó, e posto à prova por uma sucessão de escândalos, muitos forjados, alguns, reais.

Todavia, demonstrando clareza e objetividade - atributos raros, ressalte-se, na classe política em geral -, Lula manteve a determinação (ou obsessão, como gosta de repetir), de beneficiar economicamente os mais pobres, de aumentar a renda dos desfavorecidos. Logrou, dessa forma, feito inaudito: introduziu as classes C e D, antes excluídas, na dinâmica econômica do país, trazendo-as para o âmbito da classe média nacional.

Mesmo nas áreas mais débeis da atuação governamental - como o foi a ambiental - é difícil imputar ao Presidente a responsabilidade pelos embaraços que deixaram de ser superados. O Meio Ambiente, aliás, foi uma das primeiras pastas a ter dirigente definido – uma nomeação dada como acertada pela maioria. As alterações que se sucederam no comando da gestão ambiental sugerem que a decisão talvez não tenha sido tão acertada assim.

Em relação à Amazônia, tema sob estreita relação com a gestão ambiental, Lula não se descuidou em afirmar a condição estratégica da região para o país. Priorizou dois pontos nevrálgicos para a sustentabilidade amazônica: a regularização fundiária e a integração com os países amazônicos vizinhos.

Parafraseando-se a famosa (e trágica) sentença, Lula, diferentemente de outros governantes que tentaram e não conseguiram fazer história, sai da Presidência para entrar para a História. E não do modo lúgubre como o Presidente Getúlio Vargas, mas consagrado pela aprovação de quase 90% dos brasileiros – o que pode ser considerado unanimidade.

Espera-se que da mesma forma que manteve altivez como sindicalista; que demonstrou desprendimento, não se tornando deputado federal profissional; que superou as tentações para ser dirigente eterno de partido político; que teve a nobreza de não cogitar um terceiro mandato (como chegou-se a insinuar), Lula tenha a grandeza para assentar as bases de algo ainda inédito no Brasil: a instituição da ex-presidência, na forma como ocorre nos Estados Unidos, por exemplo, onde os ex-presidentes se tornam os sábios anciões, que se dedicam unicamente ao projeto de País, não se envolvendo em temas menores, em matérias vulgares. Afinal, assuntos para um ex-presidente do tamanho do Lula não vão faltar.

De qualquer forma, já não há dúvida: Lula é mesmo O Cara!

* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).

sábado, 25 de dezembro de 2010

FELIZ NATAL


A todos os que acompanham nosso blog,
muitíssimo obrigado e Feliz natal!!!



Por: Luan Ramon =)

domingo, 19 de dezembro de 2010

Mapeamento da mata ciliar do Rio Acre

Engenharia Florestal da Ufac vai mapear mata ciliar do Rio Acre

* Ecio Rodrigues

Por meio de projeto aprovado, em edital do CNPq, os engenheiros florestais da Universidade Federal do Acre, Ufac, estão realizando um profundo e detalhado diagnóstico das condições ecológicas da mata ciliar presente no Rio Acre, em todo seu trecho acreano, que vai do município de Porto Acre até Assis Brasil.

O pioneiro projeto denominado “Ciliar Só-Rio Acre”, está orçado em aproximadamente 200 mil reais destinados a cobrir os custos do extenso e detalhado trabalho de campo e à contratação de 6 bolsistas de iniciação tecnológica e de um Engenheiro Florestal.

Para fornecer informações únicas acerca da realidade existente na mata ciliar do Rio Acre, o projeto esta estruturado em 4 linhas de pesquisas que se inicia com a realização do Inventário Florestal, cujas medições das unidades amostrais em todos os municípios já foi concluída, e termina com uma discussão pública em cada cidade, sobre a importância da manutenção da mata ciliar.

A fase inicial do projeto, que envolveu o mapeamento com imagens de satélite de toda extensão do Rio Acre em uma faixa de 3 quilômetros de largura em cada margem, possibilitou à equipe de pesquisadores uma visão de conjunto da mata ciliar e de sua grave condição de degradação. O mapeamento revelou ainda que a ocupação produtiva, ao longo da margem do Rio Acre, pode ser considerada como a principal causa dessa degradação.

Já o Inventário Florestal do remanescente da mata ciliar existente vai possibilitar, uma vez concluído seu processamento, que a equipe de pesquisadores defina uma lista de 20 espécies florestais que possuem maior ocorrência na mata ciliar, por município, e com maior importância ecológica para serem indicadas como prioritárias nos projetos de restauração florestal a serem realizados em um futuro próximo.

O Inventário Florestal também vai contribuir para elaboração de uma equação de volume, para cálculo da biomassa total existente na mata ciliar e sua contribuição para imobilização de carbono, no intuito de, no médio prazo, beneficiar o produtor com os créditos de carbono pela manutenção da vegetação na mata ciliar do Rio Acre, no mecanismo do REDD.

Com a definição das 20 espécies de maior importância para restauração florestal a equipe irá se debruçar sobre o estudo de sua fenologia e de metodologias de produção de sementes. Com as matrizes das árvores produtoras de sementes selecionadas e georeferenciadas será possível a instalação de áreas de produção de sementes e o estabelecimento de um mercado de sementes florestais para essas espécies, originais da mata ciliar.

A transformação das sementes em mudas para restauração florestal será o terceiro passo a ser dado pela equipe de pesquisadores. Para tanto, em cada município serão identificados trechos considerados críticos e emergenciais para restauração florestal da mata ciliar.

Finalmente, um programa de extensão florestal será desencadeado para convencer as autoridades municipais, em especial vereadores e secretários de meio ambiente, acerca da importância da manutenção da mata ciliar o que, por sua vez, irá garantir fornecimento de água e mais peixes no Rio Acre.

O projeto se encerrará com o desenvolvimento de uma metodologia acreana para o cálculo da largura da mata ciliar, adequada à realidade de cada um dos 8 municípios, que terá metragem superior àquela definida pelo Código Florestal, e, o mais importante, a transformação dessa largura em legislação municipal.

Com a aprovação nas câmaras de vereadores da Lei Municipal da Mata Ciliar, uma nova e promissora história da bacia hidrográfica do Rio Acre começará a ser contada.

* Professor da Universidade Federal do Acre (Ufac), Engenheiro Florestal, Especialista em Manejo Florestal e Mestre em Economia e Política Florestal pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e Doutor em Desenvolvimento Sustentável pela Universidade de Brasília (UnB).